05 março 2010

1º Atendimento

Tive meu primeiro atendimento como estagiária hoje. Foi uma experiência inexplicável que tento descrever abaixo. Diga-se de passagem que as emoções jamais poderão ser transcritas. O estágio é realizado em duplas, por isso as falas no plural.

Atividade realizada: "Psicodiagnóstico."



Entrevista inicial com os responsáveis pela criança. Os dois compareceram (pai e mãe), portanto, como tínhamos discutido a necessidade anteriormente, pelo caso da criança, dividimos o atendimento em dois momentos. No primeiro momento fizemos a entrevista com a mãe e, no segundo momento, fizemos a entrevista com o pai, para observar claramente a percepção que cada um deles tem da criança. Foi realizada a Anamnese nesses dois momentos. Não vimos necessidade de chamar os pais novamente, portanto, na próxima sessão, já teremos atendimento com a criança.


Inicialmente me senti insegura. Mas logo me entreguei ao momento do encontro, do primeiro contato de da entrevista, de fato, me propondo a realmente ser um meio de ajuda para aqueles pais que se encontravam tão ansiosos e desesperados em relação ao comportamento do filho. Me senti mais segura e tentei acolher, de fato, os problemas trazidos pelos pais da criança. Procurei não demonstrar reações nos relatos (nem de reprovação, nem de concordância). Busquei deixar a conversa fluir e aproveitava os ganchos trazidos pelos pais para aprofundar em questionamentos que julguei importantes como relacionamento familiar, relacionamento da criança com outras crianças tanto na escola como em casa; relacionamento com outros familiares; gestação; percepção dos pais em relação ao filho e em relação a si mesmos (como figuras paterna e materna), etc. Os pais foram muito colaboradores, responderam prontamente as perguntas, me deixando, também mais à vontade (na medida em que eu também tentava deixá-los à vontade no atendimento). Expliquei as regras do atendimento (horários, atrasos, atendimentos, faltas, justificativas, dentre outros), demonstrei a importância do comparecimento da criança para o psicodiagnóstico e para um possível encaminhamento (se necessário).

Para mim foi uma experiência quase que inexplicável O primeiro contato me deixou com uma expectativa enorme de como será todo o processo do psicodiagnóstico e me deixou ainda mais com vontade de atender a criança, conhecê-la pessoalmente, alguém que acabei de conhecer através dos seus pais. Estou extremamente motivada a continuar o psicodiagnóstico e ver como poderei ajudar essa criança e, consequentemente, essa família. É de extrema importância sentir e perceber o quanto podemos oferecer em relação à ajuda para uma família e o quanto essa família se propõe a ser ajudada no momento em que decide procurar o atendimento e se abre conosco. Me senti útil, capaz de levá-los a algum lugar, um lugar de conforto. E foi isso que fiz nesse primeiro momento.

Numa primeira sensação (e até mesmo confirmado esse sentimento pela fala da mãe da criança), percebi um possível problema familiar sendo depositado na criança. Um problema que se inicia antes mesmo dessa criança nascer (com a negação da avó materna em aceitar a criança pela raça negra).

Foi extremamente importante pra mim, como estudante e como futura profissional, esse primeiro momento. Percebi certos medos e anseios no momento do atendimento, mas também percebi o quanto posso controlá-los para que não atrapalhem o processo. O quanto é importante deixar as pessoas à vontade e demonstrar confiança, iniciando o estabelecimento de um vínculo, para que se sintam acolhidas e confiantes e dizer coisas das quais tem medo, temor, vergonha, etc.



Foi uma experiência inigualável que levarei por toda a vida, com certeza.

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